O momento de sucessão é um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas familiares. De um lado, existe a necessidade de preservar o legado construído por gerações; do outro, a expectativa de inovação e adaptação para que a organização continue a prosperar no futuro. De acordo com o Banco Mundial, só 30% das empresas chegam até a terceira geração, e apenas 15% sobrevivem à sucessão de três gerações. A Max Mohr, especializada em tecnologia em argamassa e concreto, superou essa estatística e conta com Cristian Mohr, neto do fundador, à frente do negócio, que atualmente emprega cerca de 400 colaboradores.
Antes de chegar na liderança, Cristian passou por todas as áreas da empresa, como comercial, financeiro, suprimentos, produção e obras, o que considera fundamental para o seu desenvolvimento. “Aos 17 anos iniciei como estagiário. Minha primeira tarefa foi organizar o arquivo, que ainda era físico, separando e encaixotando notas. Durante um bom tempo ajudei a fazer carregamentos. Essa experiência em diferentes funções me permitiu compreender a complexidade do negócio e a interdependência entre os setores”, afirma.
Desde cedo, Cristian participava das reuniões de diretoria, normalmente na posição de ouvinte. O objetivo era aprender, entender a visão de liderança e absorver os desafios de cada decisão.
Após o período de estágio, passou a ser remunerado por hora, o que o incentivou a mergulhar de vez na empresa e passar mais tempo lá, adquirindo experiência, entendendo as operações e absorvendo a cultura organizacional. “Hoje, minha visão sobre o trabalho mudou. Acredito na entrega de resultados, e não no número de horas trabalhadas, mas naquela época, essa abordagem foi fundamental para a minha imersão”, complementa. Durante a faculdade de Administração, desenvolveu um TCC voltado para solucionar questões da empresa.
Com o passar do tempo, a Max Mohr, que hoje conta com 13 plantas distribuídas em 10 filiais, passou a exigir uma visão cada vez mais estratégica. Para o CEO, a transição exige, além de planejamento, muito diálogo entre as partes. “Uma empresa desse porte não pode ser conduzida apenas com base na experiência individual, mas, sim, em uma visão compartilhada de futuro. É fundamental que haja uma convergência entre as visões de quem fundou o negócio e de quem dará continuidade. A liderança atual precisa escutar a próxima e vice-versa”.
Cristian buscou, desde o início, contribuir com a empresa de forma ativa, modernizando os processos e trazendo novidades. “Além da graduação em Administração e especializações e cursos na área, antes de assumir o cargo fiz um trabalho de coach junto a um ex-vice presidente da Embraco”.
Para ele, a chave para uma sucessão familiar bem-estruturada está no equilíbrio entre inovação e respeito ao legado, na escuta ativa e na capacidade de trazer novas perspectivas sem perder a essência do que foi construído até então.
Giulia Machado 47 91051169 [email protected]